Duas ferramentas imprescindíveis para a mediação entre informação e entendimento, no contexto jornalístico, o design (diagramação) e a fotografia, foram temas importantes, principalmente para os estudantes de jornalismo, na VI Jornada do Aluno que Aprende realizada na manhã de sábado, 14, na Faculdade Joaquim Nabuco, Unidade Recife.
A professora de Design, Adrianna Coutinho, palestrou sobre a importância do trabalho do diagramador no jornalismo impresso. Os esclarecimentos a cerca do assunto foram de suma importância para os graduandos da Joaquim Nabuco. Adrianna explicou que “a diagramação busca dar o padrão de representação gráfica, ligando harmonia e técnica”, instrumentos fundamentais para a consciência estética dos elementos gráficos. Em razão dessa consciência estética é que, o leitor, pode reconhecer, mesmo à distância, na mão do jornaleiro, ou na banca, os principais jornais do estado. Exemplificou a professora Adrianna, responsável pelo primeiro projeto gráfico da Folha de Pernambuco. Segundo ela, o “abuso” do colorido, utilizado na Folha, é uma referência à cultura pernambucana.
“Cabe ao design de imprensa – diagramador – a configuração de páginas (fotos, textos, infográficos) de modo a garantir a estética do jornal.” Mas o que permitiu ao diagramador um melhor uso dos recursos imagéticos foram os avanços da informática e a popularização das ferramentas computacionais, garantiu Adrianna.
A ilustração das imagens no jornalismo começa a ter mais importância entre 1956 e 1960, período do Governo Juscelino Kubitschek. A revista O Cruzeiro foi uma das revistas precursoras no uso fundamental das imagens no jornalismo. Em 1960, a reforma gráfica do Jornal do Brasil, constitui um divisor de águas no planejamento visual gráfico de jornais impressos no Brasil.
Em Pernambuco, Josias Florêncio (o Quarentinha), se destaca como diagramador, pela sua sensibilidade e estilo. Também os jornalistas Vladimir Calheiros e Ronildo Maia Leite, têm especial proeminência nas reformas gráficas dos jornais no estado.
Para explorar o tema fotojornalismo, foi convidado Heitor Cunha, editor de fotografia do Diário de Pernambuco e Beto Figueroa, ex-fotógrafo do Jornal do Comércio, hoje autônomo. Ambos estudantes de fotografia da ESO, único curso de graduação em fotografia no estado, sem ter ainda formado turma. São Paulo foi a primeira cidade no país a ter faculdade de fotografia.
Segundo informações dos palestrantes, até por volta de 1995 não se exigia o curso de Jornalismo para ser fotógrafo de Jornal. Figueroa diz ter sido um dos últimos a entrar sem a graduação e depois receber o título de jornalista, sem ter frequentado faculdade.
Para Heitor, “não existe o bom fotógrafo, mas a boa fotografia.” E acrescenta: “Fundamental também é ver fotografia (...) ver sem preconceito, com o olhar desprendido.” Ressalta ele em resposta à pergunta de João Câncio, aluno do terceiro semestre de jornalismo da Joaquim Nabuco, sobre qual orientação para o estudante de jornalismo ser um bom fotógrafo? Figueroa completou explicando que o aluno tem que, estudar, escutar os mestres, procurar a semana da fotografia e, sem dúvida, fotografar. A prática é o melhor instrutor de fotografia.
A designer Adriana pergunta aos explanadores: como o fotógrafo seleciona, na hora do clique, o seu olhar, sua visão, com a necessidade do jornal? Figueroa diz que há um senso estético próprio do fotógrafo. E conclui que sua “intenção sempre foi a de fazer com que o diagramador se sentisse no local do acontecimento, tentando sensibilizá-lo.” Para Heitor “o fotógrafo na rua tem ‘asas’, quando volta ao jornal entra numa gaiola, depois que vai pro diagramador, ainda cortam suas asas.” Com isso ele faz referência ao fato de que nem sempre a poesia e a estética que o fotógrafo busca vai para a publicação. O importante é encontrar a foto que vai ter significado com a notícia e com o título. Conclui.
Adrianna, para acrescentar à importância que as imagens fotográficas têm no jornalismo, explica que 25% dos leitores lêem a matéria, a maioria lê a foto e o título apenas.
Já encerrando a palestra, os dois fotógrafos contaram alguns casos de coberturas que fizeram, responderam a mais algumas perguntas e finalizaram com apresentações de imagens de suas autorias.
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