O mulato levado
Do Interior de Minas Gerais
Da pequena Paracatú
Onde brincava entre animais
E comia carne de tatu
Foi de onde veio esse mulato
Menino muito levado
Que espichava o rabo do gato
E montava nos cachorros
Na fazenda de seu avô
Era um sobe e desce o morro
Pra morar na Capital
Da República do Brasil
De nome Distrito Federal
A Brasília que surgiu.
Da família era o mais moço
Molecote carne e osso
E barriga lombrigueira
Que gostava de “São João”
Pra dançar e pular fogueira.
Do quintal de sua casa
Ele sempre pulava o muro
E também da casa alheia
Com Gaizim o seu pareia
Com quem aprontava muito
Já quebrou muita vidraça
Até da casa do padre
E por pirraça
Fugia sempre dos castigos
Inventava umas mentiras
E enganava até os amigos.
De Sol a Sol empinava pipa
E era muito bom de bola
E pra quem não acredita
Ele era bom na escola
Mas por ser muito levado
Irritava a professora
E à sua mãe advertia
Reclamações da diretora.
Tocava fogo no mato
E chamava o bombeiro
Quando o fogo se alastrava
Pelo quarteirão inteiro.
Já mais jovem adolescente
Em casa não sossegava
Só ficava mais contente
Quando alguma ele aprontava
Já fugiu dia de casa
E deixou de estudar
Do seu pai sempre apanhava
Pra parar de bagunçar
Sua mãe tão religiosa
O levava pra igreja
Pra ver se ele se ajeitava
E acabava essa peleja...
E o menino danado
Na missa fiava quieto
Ave Maria ele rezava
Beijava a mão do Padre Beto.
Depois de tornar-se adulto
Arranjou primeiro emprego
O segundo e o terceiro
Em nenhum tinha sossego
Namorava muitas moças
Tinha o dom do galanteio
Até no forró na roça
Tinha garota ao seu rodeio
E com a fama que tinha
De desonrar mulher moça
Buliu com a filha de Seu Ninha
E dele levou uma coça
Mas de nada adiantou
Apanhar do pai da moça
Uma outra engravidou
Era menor, muito mais nova
E agora! O que faria?
Tinha ele que casar
Pois uma coisa ele sabia
Era contra o abortar
Pegou moça filha alheia
A levou pra sua casa
Seu pai não titubeia
Consentiu com que se faça
Da sua casa a do seu neto
E da sua nora uma graça
Pensou o pai que desse jeito
Seu filho ia mudar
Se tornar homem direito
E novo emprego arranjar
Pra ser bom pai de família
E à filha sustentar
Mas qual grande agonia
Sua esposa não dormia
Dia e noite filha no colo
Amamentava ela no peito
E na casa não encontrava,
O pai, o tal sujeito
Que com os amigos jogava,
Sinuca, e bebericava
Porque não tomara jeito.
A mulher o reclamava
Atenção à sua filha
E no colo ele ninava
Com carinho e alegria
Mas bastava anoitecer
Que pra rua ele saía
Arrasta pé na gafieira
Paquera pra todo lado
Mas numa dessas deu bobeira
E pela mulher foi flagrado
E aí já se imagina
A confusão tava formada
E pra terminar essa rima
O mulato perdeu a amada.
Mauro Rodrigues, 16/10/2007
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
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