Mauro Rodrigues Repórter Fotográfico



quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O mulato levado

Do Interior de Minas Gerais
Da pequena Paracatú
Onde brincava entre animais
E comia carne de tatu

Foi de onde veio esse mulato
Menino muito levado
Que espichava o rabo do gato
E montava nos cachorros
Na fazenda de seu avô
Era um sobe e desce o morro

Pra morar na Capital
Da República do Brasil
De nome Distrito Federal
A Brasília que surgiu.

Da família era o mais moço
Molecote carne e osso
E barriga lombrigueira
Que gostava de “São João”
Pra dançar e pular fogueira.

Do quintal de sua casa
Ele sempre pulava o muro
E também da casa alheia
Com Gaizim o seu pareia
Com quem aprontava muito

Já quebrou muita vidraça
Até da casa do padre
E por pirraça
Fugia sempre dos castigos
Inventava umas mentiras
E enganava até os amigos.

De Sol a Sol empinava pipa
E era muito bom de bola
E pra quem não acredita
Ele era bom na escola

Mas por ser muito levado
Irritava a professora
E à sua mãe advertia
Reclamações da diretora.

Tocava fogo no mato
E chamava o bombeiro
Quando o fogo se alastrava
Pelo quarteirão inteiro.

Já mais jovem adolescente
Em casa não sossegava
Só ficava mais contente
Quando alguma ele aprontava

Já fugiu dia de casa
E deixou de estudar
Do seu pai sempre apanhava
Pra parar de bagunçar

Sua mãe tão religiosa
O levava pra igreja
Pra ver se ele se ajeitava
E acabava essa peleja...

E o menino danado
Na missa fiava quieto
Ave Maria ele rezava
Beijava a mão do Padre Beto.

Depois de tornar-se adulto
Arranjou primeiro emprego
O segundo e o terceiro
Em nenhum tinha sossego

Namorava muitas moças
Tinha o dom do galanteio
Até no forró na roça
Tinha garota ao seu rodeio

E com a fama que tinha
De desonrar mulher moça
Buliu com a filha de Seu Ninha
E dele levou uma coça

Mas de nada adiantou
Apanhar do pai da moça
Uma outra engravidou
Era menor, muito mais nova

E agora! O que faria?
Tinha ele que casar
Pois uma coisa ele sabia
Era contra o abortar

Pegou moça filha alheia
A levou pra sua casa
Seu pai não titubeia
Consentiu com que se faça
Da sua casa a do seu neto
E da sua nora uma graça

Pensou o pai que desse jeito
Seu filho ia mudar
Se tornar homem direito
E novo emprego arranjar
Pra ser bom pai de família
E à filha sustentar

Mas qual grande agonia
Sua esposa não dormia
Dia e noite filha no colo
Amamentava ela no peito
E na casa não encontrava,
O pai, o tal sujeito
Que com os amigos jogava,
Sinuca, e bebericava
Porque não tomara jeito.

A mulher o reclamava
Atenção à sua filha
E no colo ele ninava
Com carinho e alegria

Mas bastava anoitecer
Que pra rua ele saía

Arrasta pé na gafieira
Paquera pra todo lado
Mas numa dessas deu bobeira
E pela mulher foi flagrado

E aí já se imagina
A confusão tava formada
E pra terminar essa rima
O mulato perdeu a amada.

Mauro Rodrigues, 16/10/2007

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