Vinte tatuagens nos braços, alto, cabeça raspada, bermudão, sandálias, um relógio no pulso esquerdo, pulseira no direito, colar artesanal, anéis grandes nos dedos mindinhos, bigode e cavanhaque.
Esta não é a imagem de um astro do rock e sim de um vendedor ambulante.
Há três meses desempregado, Hélio da Costa, 39, morador de Ondina, sustenta a família (esposa e filho de cinco anos) com a venda de Cds piratas. Ele exibe seus produtos na rua ao lado do Shopping Center Lapa.
Hélio só comercializa CDs de rock’n’roll. É uma questão ideológica.“Percebi que nenhum ‘pirateiro’ vende este gênero musical e como é o estilo de que gosto, resolvi vender apenas este tipo de CD. Assim, também poderei apresentar melhor o produto, já que tenho bastante conhecimento de rock’n’roll”, afirma.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizV-eNHgq814Wy6ErQKZw9IrXElRIeCQA3ag1PFV6r-jrAL3Qkyl3SKTZGUcbofFaTOAdSc6Dg5afpeBIaSxn3ilJy5_92Zj6C9iFL88POTMvqOXPjvrn144WrLS03ZH-XEpuQ9Co-TnM/s320/Sem+T%C3%ADtulo-1.jpg)
Segundo Hélio, a procura por CD pirata é grande porque ninguém tem condições de comprar o original, que é muito caro. “Um trabalhador que ganha um salário mínimo não tem condições de comprar um CD de R$ 30”, diz.
Profissão de risco
Bem falante, usando gírias, Hélio conta que só estudou até a oitava série, mas faz planos de voltar a estudar e fazer faculdade de jornalismo. Seu maior sonho é montar uma lojinha de produtos de rock e deixar a pirataria. Ele sabe dos riscos de vender CDs pirateados, diz que a polícia às vezes está por ali levando alguns pirateiros presos.
Quando não é a polícia, são os fiscais da Secretaria Serviços Públicos do Município (Sesp) que levam toda a mercadoria. “Sempre dei sorte, quando a polícia chegou, eu ainda não estava e, quando foram os fiscais, ainda não tinha exposto a mercadoria”, comemora.
Em qualquer parte de Salvador, é fácil encontrar um vendedor de CDs pirateados. Segundo o secretário da Sesp, Fábio Mota, o órgão vem fiscalizando e tirando das ruas os ambulantes, a maioria vendedores de CDs e DVDs piratas. Só na Avenida Sete foram retirados 1.200 ambulantes nos últimos seis meses.
Mota diz que a SESP só apreende os produtos por estarem sendo comercializados em via pública sem alvará, não por serem ilícitos. “Cabe à Polícia Civil fazer o combate à pirataria, não à Sesp”.
Delegado
De acordo com o delegado Adailton Adam, do Grupo Especializado em Proteção à Propriedade Intelectual (Geppi), criado em 3 de maio deste ano para combater a pirataria, só na primeira ação, que teve medida educativa, foram apreendidos 112 mil produtos, sendo a maioria, 105 mil, CDs e DVDs.
“Quem vende são pessoas humildes, que necessitam e estão buscando no mercado informal, claro que de forma irregular, meios para sustentar suas famílias”, reconhece o delegado.
Segundo Adam, muitas pessoas saem do trabalho e, com o dinheiro da rescisão, adquirem um computador. Com a facilidade de baixar músicas na internet, produzem CDs e DVDs piratas em casa mesmo.
LEIA MAIS
http://labweb.fsba.edu.br/hipertexto.asp?ID=329 (Ex-cantor de barzinho vende piratas raros)
http://labweb.fsba.edu.br/hipertexto.asp?ID=323 (Opiniões: Edson Gomes, Rick Husbands, Lazzo e Lobão)
http://labweb.fsba.edu.br/hipertexto.asp?ID=328 (pirataria)
Nenhum comentário:
Postar um comentário